quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Jakob, O Mentiroso

Jakob Heym morava no gueto. Dele mesmo, só tinha o momento presente. Os gritos das sentinelas, os pesados caixotes e a sopa rala, era o que fazia o dia passar.

De amigos mesmo, só sobrara o Kowalski, que nem sempre queria por perto. Jakob era só mais um judeu no gueto, aquele que tinha um café, que servia panquecas de batata com queijo e cebola, e às vezes bebidas alcoólicas escondido, já que ele não tinha licença.

Por acaso, Jakob tem acesso à notícias sobre o que acontece fora do gueto. Os russos estão chegando. Mas ninguém iria acreditar como ele ficou sabendo.

Então ele inventa um rádio. Sim, inventa, porque seu rádio não existe.
Jakob deixa de ser uma pessoa comum para ser o dono do rádio, o arauto das coisas que ocorrem fora dos muros. Só que isso custa o pouco de paz que ele tinha.

Escrito em 1969, pelo polonês naturalizado alemão Jurek Becker(1937-1997), que foi um sobrevivente do Holocausto, sendo prisioneiro no gueto de Lodz, tal como o protagonista.

O gueto de Lodz foi o segundo maior da Polônia e o último a ser liquidado nesse país, devido a sua alta produtividade de bens e serviços para o exército nazista. Seus prisioneiros foram enviados para o extermínio em Chelmno e Auschwitz em agosto de 1944.

Daí pra lá, são minhas opiniões sobre o livro.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Talentoso Ripley

Tom Ripley era um golpista barato de Nova York, que vivia de pequenos crimes, morando de favor na casa de um ou outro conhecido. A próxima semana era o máximo que ele tinha de perspectiva de futuro. Até que o milionário Greenleaf aparece para mudar sua vida.

Com um convite irrecusável para viajar à Europa, Greenleaf propõe a Ripley que tente convencer seu filho Richard a voltar para a América e ser o seu sucessor nos negócios.

Trazer Dickie de volta não deveria ser fácil. Mas ir à Europa de graça e ter alguns meses de tranquilidade com a possibilidade de nunca mais voltar pesaram em sua decisão de ajudar o Sr. Greenleaf.


Chegando lá, Ripley percebe que essa pode ser a oportunidade de sua vida.

Esse é o primeiro dos livros da Riplíada, conjunto dos cinco livros que contam a história desse talentoso golpista, falsário, etc.
Junto com O Talentoso Ripley, a talentosa Patricia Highsmith escreveu o Ripley Subterrâneo, O Jogo de Ripley, O Garoto que seguiu Ripley e Ripley debaixo D'água.

Depois de lê-lo tive a certeza de que Miss Highsmith merece um bom meio metro de minha estante.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lista de compras

Quando tenho pouco dinheiro, compro livros; se sobrar algum, compro roupas e comida.
Erasmus de Rotterdam.

Não chego a tanto, mas gasto bastante com livros. E tenho até uma pequena lista de próximas vítimas.

  • Viagem ao Fim da Noite - Céline
  • O Intruso - Faulkner
  • Paralelo 42 - Dos Passos
  • A Chave de Vidro - Hammett
  • Bartleby, o Escriturário - Melville
  • Uma Fábula - Faulkner
  • O Capote e Outras Histórias - Gógol
  • A Dama do Cachorrinho e Outras Histórias - Tchekhov
  • Pedra Bonita - Lins do Rego
  • Satã em Gorai - Singer
  • A Vida Como Ela É - Rodrigues

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Porque os livros antigos cheiram tão bem?


Os livros antigos tem um cheiro bem característico, que alguns, como eu, adoram e outros detestam. Particularmente o associo ao odor do AAS infantil. De tão marcante, foi criado o Paper Passion, baseado nessa fragrância tão especial.



De acordo com alguns químicos, ele vem da interação entre os produtos químicos da tinta e do papel, reagindo ao calor, à umidade e à luz, liberando para o ar centenas de compostos orgânicos, resultando numa mistura de notas de relva, ácidos e baunilha.


O pessoal da AbeBooks fez um vídeo muito bom sobre esse assunto. O sotaque é da Inglaterra, mas dá pra acompanhar legal.



domingo, 11 de novembro de 2012

Philip Roth se aposenta

E perdemos mais um grande autor. Philip Roth, 79 anos, autor de 'O Complexo de Portnoy', 'Operação Shylock' e de diversos outros romances, anunciou mês passado em uma entrevista ao Les Inrocks que iria se aposentar.
To tell you the truth, I’m done.
Aclamado autor americano de origem judaica, desde 1960 vem acumulando os mais diversos prêmios literários, como o National Book Award, PEN/Faulkner Award, Pulitzer, Man Booker e outros.

Ele disse que aos 74, ao perceber que estava ficando sem tempo, releu todos os seus livros e os releu novamente na ordem cronológica inversa, para saber se tinha desperdiçado seu tempo escrevendo.

Citando o pugilista Joe Louis, ele disse que fez o melhor que pode com o que tinha, e agora não quer mais escrever, nem ler, pois já não sente o fanatismo de escrever o que tinha vivenciado.

Nêmesis é seu último livro publicado.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Top ten da minha biblioteca

Essa lista está longe de ser a definitiva e vai mudar várias vezes, de acordo com o meu humor do momento e com o que for lendo a partir de hoje. Não há uma ordem. O fato de Zorba, o Grego estar em primeiro lugar não significa que que goste mais dele que de Shosha, ou de qualquer outro da lista.
  • Zorba, o Grego
  • A Rebelião dos Anjos
  • Admirável Mundo Novo
  • 1984
  • Shosha
  • Luz em Agosto
  • Absalão, Absalão!
  • Ulysses
  • A Ilha
  • O Cristo Recrucificado

sábado, 3 de novembro de 2012

Projeto Yoknapatawpha

Há muito tempo, venho trabalhando nesse projeto, que consiste em adquirir e ler todos os romances de William Faulkner. Possivelmente irei ler o Portable Faulkner direto do inglês, se a Penguin-Companhia não fizer a fineza de editá-lo por aqui.

A estilo de Faulkner é fascinante e desafiador. Sua estrutura é bem diferente da usual, sendo dignos de nota o uso de fluxo de consciência, a narrativa não-linear, múltiplos narradores, que foi magistralmente usado em 'Enquanto agonizo', de 1930, onde cada um de todos os Bundren contam a história a partir de seu próprio ponto de vista.

Outra característica é o retorno de personagens. O advogado Gavin Stevens, um dos protagonistas da trilogia Snopes, também aparece em 'O Intruso'. Quentin Compson é o protagonista de um capítulo de 'O Som e a Fúria' e é o narrador de 'Absalão, Absalão!'.

O caso mais icônico é o de Boon Hogganbeck, na novela 'O Urso', publicada em 1942 no livro 'Desça, Moisés.'

Mas Boon nunca agiu de tal maneira, nunca precisou; o menino sabia que ele jamais o faria, embora há quatro anos Boon tivesse disparado um revólver que pegara emprestado contra um negro em uma rua de Jefferson, alcançando o mesmo resultado que obtivera ao atirar cinco vezes consecutivas em Old Ben no outono passado .

Esse trecho de 'o Urso' descreve exatamente onde começa a história em 'Os Desgarrados', último livro do autor, publicado em 1962. Além desses dois, Boon aparece em 'A Cidade', segundo livro da trilogia Snopes.

Mapa do condado de Yoknapatawpha, segundo o autor.


A quase totalidade de seus romances se passam no mítico condado de Yoknapatawpha, que é a representação do Sul dos Estados Unidos, neurótico e poieirento, ainda sofrendo com a derrota na guerra civil. Essa aristocracia falida tem seu principal retrato em 'O Som e a Fúria', de 1929.

Segue a lista do projeto:

  • Paga de Soldado (1926)
  • Mosquitos (1927)
  • Sartoris (1929)
  • O Som e a Fúria (1929)
  • Enquanto agonizo (1930)
  • Santuário (1931)
  • Luz em agosto (1932)
  • Pylon (1935)
  • Absalão, Absalão! (1936)
  • Os Invencidos (1938)
  • Palmeiras Selvagens (1939)
  • A Aldeia (1940)
  • O Intruso (1948)
  • Réquiem por uma Freira (1951)
  • Uma Fábula (1954)
  • A Cidade (1957)
  • A Mansão (1959)
  • Os Desgarrados (1962), também nomeado no Brasil como 'Os Invictos'
Além dos romances acima, Faulkner escreveu muitos contos e novelas, publicadas em coletâneas, que serão adicionados à lista posteriormente.