segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Para animar a ler Ulysses

Li Dublinenses. E gostei mais ou menos. James Joyce não é pra mim, pensei. Até que vi em um site uma promoção imperdível da nova edição do livro, pela Penguin-Companhia das Letras. Barato mesmo, não pagava o papel. Porque não comprar? Muitas páginas? Já li Guerra e Paz. Muito complexo? Li O Som e a Fúria. Muitos personagens? Irmãos Karamazov já li faz tempo.

Pesquisei, pesquisei e achei esse vídeo do André Conti falando exatamente dessa nova tradução de Ulysses.



Quando vi o editor falando que aquele livro, de capa verde, parecendo ter alguns quilos, narrava UM dia na vida de um irlandês de Dublin e se baseava no fato em que esse dia na vida de uma pessoa comum poderia ter tantas aventuras quanto a Odisséia inteira, decidi. Eu TENHO de ler isso.

Alguns disseram que deveria ser chato, tantas páginas em um só dia de vida. como assim, ele deve descrever quantos e quais os fios de cabelos sacudidos pelo vento ou arrumados pelo pente, entre outras coisas tão sem graça e necessidade de narração ou da menor atenção.

Azar, vou ler mesmo, dinheiro é meu, tempo também, acessei o site novamente, a oferta estava valendo, alguns cliques e o livro estava a caminho da minha estante.

Li Ulysses. Acho que em dois meses, entre a casa e o trabalho, e alguns poucos intervalos nos fins de semana. Gostei muito. Tem partes chatas? Sim, afinal o livro é como se tivessem ligado um plug na saída serial do cérebro de Leopold Bloom e registrado tudo, sem edição. Quem não tem em um dia tem bons ou maus quartos de hora de puro ócio tedioso, tédio odioso ou ódio ocioso?

O capítulo final é um espetáculo à parte, com 69 páginas sem pontuação e parágrafos apenas sugeridos, com Molly Bloom em monólogo interno que abrange vários assuntos, inclusive tentando adivinhar os reais motivos de Leopold ter beijado sua bunda e algumas rimazinhas infames, como essa:

faça chuva ou faça sol, peide sempre em si bemol

A maravilhosa aventura desse dublinense por seu atribulado dia vale a pena. Leiam, leiam.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Agora a briga ficou boa

As empresas estão se reposicionando no mercado nacional de ebooks.

Chegou pelo twitter oficial da Livraria Cultura a notícia de que foram lançados no Brasil o KoboGlo, que permite ler no escuro e o KoboMini, que tem um preço praticamente igual ao do Kindle, graças à sua tela menor e a não existência de um slot para cartão SD.

A briga pelo mercado promissor(?) de ebooks no Brasil está esquentando. Vamos ver quanto tempo a Amazon vai demorar a responder lançando mais modelos do Kindle aqui no Brasil.

Mais detalhes aqui.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Esse Steinbeck...

Há muito tempo, venho me perguntando o que Steinbeck está fazendo ali no meio dos laureados do Nobel de Literatura: Faulkner, Sartre, Hemingway, Sienkiewicz, Camus, Anatole France, Bashevis Singer, Soljenítsin, etc, etc.



Tudo bem, ele escreveu 'As Vinhas da Ira', que é um ótimo livro e 'À Leste do Éden', juntamente com 'O Inverno da Nossa Desesperança', que ainda irei ler, mas que a meu ver não habilita ninguém para um Nobel.

O mais estranho é que Faulkner ganhou dois Pulitzer com alguns dos seus livros considerados mais fracos, Uma Fábula e Os Desgarrados, enquanto Steinbeck ganhou seu Pulitzer com sua maior obra.

Por seus trabalhos realistas e imaginativos que combinam humor, simpatia e percepção social incisiva.
Essa foi a história que a Academia contou, mas pelo visto não bem assim. Justo hoje, lendo as notícias nas interwebs, topo com essa bomba.

Documentos revelam que Steinbeck foi premiado por falta de algo melhor. Entre os finalistas haviam uma oponente morta, um recusado por motivos alheios à literatura, um escritor ainda 'verde', restaram apenas Steinbeck e Robert Graves, que foi preterido por sua obra se limitar à poesia, o que também não era verdade.

Note bem o que ele disse em seu discurso:

Em meu coração pode haver dúvida se eu mereço o Prêmio Nobel, em vez de os outros homens a quem eu respeito e reverencio.

Pelo visto, nem Steinbeck concordava com o prêmio, mas já que eles insistiram...
Recentemente,a Academia Sueca se viu no centro de uma polêmica ao laurear Mo Yan em 2012, acusado de apoiar o regime comunista. Pra mim polêmica mesmo foi ele ter sido comparado pelo porta-voz da Academia como uma mistura de Faulkner, Dickens, Marquez e Rabelais.
Come on! Deixa o Faulkner fora dessa.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Incrível capa para 1984

A Penguin está reeditando alguns livros de George Orwell com um novo projeto gráfico.

Adorei a nova capa de 1984, assinada por David Pearson. Simples ao extremo e diz tudo sobre o livro com quase nada.


Que capa.
Fonte: Reddit