Pesquisei, pesquisei e achei esse vídeo do André Conti falando exatamente dessa nova tradução de Ulysses.
Quando vi o editor falando que aquele livro, de capa verde, parecendo ter alguns quilos, narrava UM dia na vida de um irlandês de Dublin e se baseava no fato em que esse dia na vida de uma pessoa comum poderia ter tantas aventuras quanto a Odisséia inteira, decidi. Eu TENHO de ler isso.
Alguns disseram que deveria ser chato, tantas páginas em um só dia de vida. como assim, ele deve descrever quantos e quais os fios de cabelos sacudidos pelo vento ou arrumados pelo pente, entre outras coisas tão sem graça e necessidade de narração ou da menor atenção.
Azar, vou ler mesmo, dinheiro é meu, tempo também, acessei o site novamente, a oferta estava valendo, alguns cliques e o livro estava a caminho da minha estante.
Li Ulysses. Acho que em dois meses, entre a casa e o trabalho, e alguns poucos intervalos nos fins de semana. Gostei muito. Tem partes chatas? Sim, afinal o livro é como se tivessem ligado um plug na saída serial do cérebro de Leopold Bloom e registrado tudo, sem edição. Quem não tem em um dia tem bons ou maus quartos de hora de puro ócio tedioso, tédio odioso ou ódio ocioso?
O capítulo final é um espetáculo à parte, com 69 páginas sem pontuação e parágrafos apenas sugeridos, com Molly Bloom em monólogo interno que abrange vários assuntos, inclusive tentando adivinhar os reais motivos de Leopold ter beijado sua bunda e algumas rimazinhas infames, como essa:
faça chuva ou faça sol, peide sempre em si bemol
A maravilhosa aventura desse dublinense por seu atribulado dia vale a pena. Leiam, leiam.
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