sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sebos e saldos

Andando pela rua, resolvi passar no simpático Sebo Flamingo, na Rua São João em Volta Redonda. Com pouco dinheiro, fiquei olhando a banca de saldos.

Imaginem o que achei. A Máquina Fantástica, de Adolfo Bioy Casares, por R$2,00. DOIS REAIS. Em capa dura, do Círculo do Livro. Também vi o Risíveis Amores, do Milan Kundera por R$3,00, mas que estava meio baleado [UPDATE 26/10/2013 - Comprei lá mesmo um novinho por R$5,00 - Go, Flamingo!] . Paguei e fui embora, lépido e fagueiro.

Nesse momento lembrei dessa frase.



domingo, 17 de fevereiro de 2013

Benvindos à realidade

Uma vez assisti ao "Minha Vida é um Inferno", um interessante filme b-, com uma relacão bem tênue com os livros.

O personagem principal, vivido por Steve Oedekerk, é um frustrado autor de livros infantis, que odeia escrever histórias do Molusco Feliz, mas é obrigado pela editora.

Ele prefere escrever histórias mais práticas e ligadas ao cotidiano da criançada, tais como "Mamãe, quem é meu papai?", com a sugestiva capa em que um garoto olha inquisitivamente para sua mãe, enquanto aponta para o carteiro, e "Como fazer ligação direta no carro", que segundo ele seria útil se a mãe de alguma criança passasse mal.
Achei que tais coisas não seriam possíveis, mas me enganei.
Olhe que legal esse livro, e tem na Amazon.

Seus pais não vivem mais juntos? Que barra, hein?


E tem um bem mais hardcore.

É mano, a casa caiu.

Pra que fantasia e mundos coloridos e bonitinhos? Nah, a realidade é bem mais divertida.

Para ver mais, clique aqui.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Citação: Milan Kundera

Em dois episódios de insônia durante o carnaval, devorei dois terços do ótimo 'A Insustentável Leveza do Ser', de Milan Kundera.

Na página 14, li um parágrafo que valeu cada centavo gasto no livro.

Não existe meio de verificar qual é a decisão acertada, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre um esboço. No entanto, nem mesmo esboço é a palavra certa, pois um esboço é sempre o projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que a vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.

Uma coisa interessante sobre esse livro é que o autor afirma em um capítulo que os personagens são apenas personagens, sem existência própria, nascidos não de um ventre materno, mas sim de algumas palavras ou situações-chave. Como exemplo, cita Tomas, o protagonista, que nasceu da expressão alemã einmal ist keinmal que significa uma vez é nunca.

A princípio isso pode parecer um detalhe banal, mas funciona como uma quebra da quarta parede, bem parecido com o recurso usado por Woody Allen em Whatever Works, quando Boris Yellnikoff, vivido magistralmente por Larry David, fala diretamente para a câmera, explicando alguns de seus pontos de vista.

Um excelente livro, que estou a um terço do fim e já lamentando.

A vida de um leitor em série é mesmo complicada. Se o livro é meia-boca, sofremos para acabar. E se é ótimo, sofremos porque acabou.
E tome ressaca literária.