domingo, 31 de março de 2013

O Pesadelo

Apesar de tudo que eu disse aqui, o livro é surpreendentemente bom. Não vou dizer "Nossa, que primor de literatura, me fez esquecer Absalão, Absalão.", mas vale o tempo e o dinheiro gasto.

Não vou copiar aqui a sinopse do livro, mas essa frase copiada da resenha da Time Magazine "Lars Kepler parece falar diretamente aos lugares mais obscuros da alma humana." me fez pensar "Beleza! Mais um Chuck Palahniuk!" Só que não. Não sei de onde eles tiraram essa ideia.

Eles (o Lars) dão uma copiada no estilo de Stieg Larsson, só que com capítulos curtíssimos, o que me agradou muito, embora os mesmos sejam claramente cortados no formato ideal para serem transpostos para planos-sequência de um filme. O Hipnotista já foi para as telas e esse não deve demorar nada, pelo visto.

A narrativa é envolvente, e com um bom ritmo, que me fez quase perder o ponto por algumas vezes (Eu leio muito no ônibus.).

Um problema que notei foi a profundidade dos personagens. Quando achei que aqueles conflitos de Linna iam ser explicados, nada disso, continuamos a seguir a câmera por cima do ombro dele. Enquanto isso, personagens secundários, são esmiuçados, trazendo à tona suas motivações e neuroses.
Não sei se deveria ter lido o Hipnotista antes, mas como o livro não vinha com pré-requisitos, acho que é defeito mesmo.

O Pesadelo vale a leitura, mas tenho dúvidas se vou querer ler o Hipnotista ou alguma sequência da série.

Tem um comentário sobre o final do livro logo abaixo, mas só para quem já leu o livro. Ia usar o link Leia Mais, mas o editor do Blogger está de sacanagem com a minha cara e isso agora não funciona. Para ler, selecione o texto abaixo.
O epílogo estragou um pouco a experiência. Entendo perfeitamente que os autores (o Lars) quiseram dar um final cínico ao livro, do tipo "não adiantar enfrentar o sistema, você mata um bandido e tem trinta para pegar a vaga", mas o menino assustado assumir o lugar do Raphael "Motherfucker from Hell" Guidi foi forçar a amizade.

Mas vá lá, tirando isso, o livro é entretenimento garantido.

sábado, 30 de março de 2013

Novas cachaças na prateleira

Anunciei ontem no Twitter que ia sair cedo para comprar cachaça, e fui.
Após uma boa busca no bar sebo Flamingo, na rua São João, com direito a cafezinho na xícara e tudo mais, achei duas garrafas da melhor qualidade.

Garrafas da boa
Legal, temos a história de Pantaleón, um capitão do exército peruano que faz a gestão de um grupo de putas "visitadoras", para acalmar os instintos das tropas na região do Amazonas.

A outra garrafa (de bitter, ao que parece) temos a história de Dick Diver, um brilhante psiquiatra, cuja carreira chega ao fim, com o seu casamento com uma de suas pacientes.

Pena não saber a data da safra, que pra mim é muito importante, graças ao feio hábito do Círculo do Livro de não datar seus volumes. O outro, edição da Globo, teve a folha de rosto arrancada.

Esses devem durar umas duas semanas. Só resta saber qual vou beber primeiro.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Momento deixa pra lá

Uma vez, James Joyce foi abordado por um jovem quando andava pelas ruas de Zurique.
- Posso beijar a mão que escreveu Ulysses?
- Não - respondeu Joyce - Essa mão fez muitas outras coisas também.


terça-feira, 19 de março de 2013

O Pesadelo: Primeiras Impressões

Esse eu comprei pela capa. A capa laranja, uma faca, algumas chamas. Boa capa. Laranja, laranja, porque me atraiu tanto? Ah, tá bom, um sucedâneo meio suecado para isso aqui.


Vi no site, cliquei e comprei. As compras por impulso nunca foram tão devastadoras. Se fosse na livraria eu ficaria alisando o livro por uma longa meia hora, tipo o John Smith e ia acabar comprando na semana que vem. Mas vamos lá, já foi debitado no cartão e só resta esperar chegar.

Chegou. Dando aquela geral marota no volume, capa, orelhas, miolo. Olha que casal simpático aqui na orelha direita. A Carol(adoro seus textos), gosta de fotos de autores, eu não. Imagino os autores como entidades etéreas sem forma. Mentira, eu não gosto é de fotos, da mesma forma que não gosto de entrevistas com os meus músicos favoritos. Tinha um guitarrista que era o máximo, mas um schmuck tão dedicado, que eu parei de gostar do som dele.

Voltando à foto, os dois parecem saídos de um disco pop da década de 80. Photoshop, muita maquiagem e produção, aquela coisa toda. Legal, então esse é o Lars. Não? Os dois são o Lars!

Na hora senti como se tivesse lido todo o cânone faulkneriano, junto com The Portable Faulkner para depois descobrir que Luz em Agosto, Absalão, Absalão e O Som e a Fúria tinham sido escritos por um ghost-writer. Ou então que Nora Barnacle escreveu o monólogo da Molly em Ulysses.

Babaquice minha? Talvez, afinal o ser humano é o único animal que sabe ser babaca, e bem.

De qualquer forma, minha boca amargou um pouquinho com essa surpresa. Já vou ler O Pesadelo com um pé atrás.

Estou no capítulo 4. A narrativa é bem no estilo do Stieg Larsson, bem no estilo MESMO, chega a incomodar um pouco. Depois vim a descobrir que o Lars é uma homenagem para o Stieg. Uma homenagem à moda Tarantino, pelo visto.

Agora é acabar de ler e torcer para que meus preconceitos sejam infundados. Mas uma coisa é certa. O livro vai ter de ser muito bom para tirar esse ranço, causado por uma mísera foto na orelha do livro.

Eu conto depois.



sábado, 16 de março de 2013

Citação: John Barleycorn

Oh! - e falo com o conhecimento ulteriormente adquirido - que o Céu me defenda da maioria da média dos homens que não são uns camaradões, desses que possuem corações frios e cérebros frios, que não fumam, não bebem nem praguejam, nem fazem nada que seja ousado, vingativo ou contundente, porque suas fibras fracas não foram estimuladas pelo aguilhão da vida para além dos quais se encontra um mundo de feitos diabólicos e audaciosos. Gente desta nunca se encontra nos botequins, nem aliadas a causas perdidas, nem flamejando nos trilhos da aventura, nem amando loucamente. São sujeitos demasiado ocupados em manter os pés quentes, em vigiar as pulsações do coração, em obter êxitos da vida com a mediocridade dos seus espíritos.

Após esse parágrafo, só posso dizer uma coisa:
- Jack, me desculpe, mas vai escrever bem assim na puta que o pariu. Com todo o respeito.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Nova aquisição: John Barleycorn

Depois de 3, eu disse três, TRÊS dias de penúria, sem um livro novo para ler, lendo até panfleto de <insira aqui a religião/partido político/filosofia barata que você abomina>, chega John Barleycorn.

Obra autobiográfica de Jack London, relata seus embates com John Barleycorn, a personificação do vício alcoólico. O primeiro dos quais aos cinco anos, levando um latão de cerveja para seu pai, que resolveu provar, e bebeu metade da lata.

Vicío esse que o matou, prematuramente, com apenas 40 anos de idade, mas com uma quilometragem invejável.

Olha ele aí.
Na oitava página eu já tinha sido fisgado. E não é pra menos:

É a sanção que o homem imaginativo tem de sofrer pela sua amizade com John Barleycorn. A sanção sofrida pelo homem branco é mais simples, mais fácil. Ele bebe até ficar num estado inconsciente de embrutecimento alcoólico. Dorme um sono drogado, e, se sonha, os seus sonhos são confusos e inarticulados. Mas ao homem imaginativo, John Barleycorn oferece os silogismos implacáveis e espectrais da lógica pura. Ele contempla a vida e todos os seus aspectos com os olhos biliosos de um filósofo pessimista alemão.


O meu exemplar foi editado em Portugal em 1975, pela Livraria Civilização - Editora.

Está super novo, com apenas alguns desgastes mínimos na capa, considerando-se a idade do livro. Muita sorte. Agora só falta acabar de ler.

segunda-feira, 11 de março de 2013

A Zona Morta e crises de abstinência

Não sei vocês, mas a falta de livros novos me causam sintomas bem parecidos aos de abstinência de outras substâncias alucinógenas. Irritabilidade em ônibus é uma delas.

Agora há pouco terminei o empolgante A Zona Morta do Stephen King. Ele conta a história de John Smith, o José da Silva dos USA, que após uma pancada na cabeça, um episódio de blue balls devido a um cachorro-quente estragado e uma batida de carro que lhe rendeu um coma de 55 meses, acorda com a capacidade de "ler" os objetos e pessoas, extraindo informações, vendo o passado e prevendo o futuro, não sem diversos efeitos colaterais.

Sendo visto como um santo, profeta, charlatão e embusteiro, não necessariamente nessa ordem, Smith tenta levar a vida da melhor forma possível. Se for contar mais teremos spoiler.

Um livro divertido(Sim, eu consigo dar risadas vendo dramas do Ingmar Bergman), sem grandes pretensões literárias, sendo acessível para qualquer novato que não tenha medinho de encarar suas 600 e tantas páginas na edição de bolso da Objetiva(Não, eles ainda não estão me pagando).

Voltando ao assunto do post: Graças à falta de um livro novo, a viagem de ônibus até o trabalho nunca foi tão longa. Na realidade seria bem mais longa se alguém tivesse tentado falar comigo.(Odeio freetalkers em ônibus, e em qualquer outro lugar. Porque estou parado em algum lugar não é sinal de que eu queira conversar ou conhecer pessoas novas.)

Foi realmente complicado ter de ver TUDO o que estava acontecendo dentro, fora do ônibus, pensar no que tinha de fazer durante o dia, lembrar que esqueci de fazer algo ontem, já era, agora é tarde. E as coisas passando do lado de fora da janela. E eu não querendo vê-las.

Acho que se possível fosse canalizar todo o fluxo de consciência passado nessa viagenzinha de meia hora, dava pra escrever Ulysses II. Tudo culpa de um CEP errado, que atrasou a entrega do livro e furou toda a logística da minha estante.

Agora, deixa eu ir nessa, porque continuo sem livros novos e amanhã tem Ulysses III.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Capa chique para Fahrenheit 451

Para esse leitor, capas são um atrativo à parte nos livros. Desculpem os pós-modernistas, mas tem certas capas que não ficam legais na telinha e-ink do Kindle muito menos na LED do tablet.

Exemplo:

Desculpe qualquer coisa.

A formidável capa tem um palito de fósforo incorporado (451°F, temperatura em que o papel acende, saca?), que pode ser riscado na lombada do livro.

Fala sério! Quem não tinha pensado nisso antes? Eu e todo o resto do mundo, menos a Elizabeth Perez, que fez essa sacanagem de não vender essa capa para uma editora brasileira.

Em tempo: Fahrenheit 451 é uma distopia das mais apavorantes, onde os bombeiros, por não ter mais fogo para apagar e gatinhos para descer das árvores, passaram a queimar livros e as casas que os continham.

Guy Montag, o protagonista, começa a ter crises de consciência quando algo acontece em uma das casas que ele iria incendiar. Daí é ladeira abaixo: Começa a se relacionar com uma garota estranha, a ler na miúda e a recriminar os hábitos estranhamente modernos e atuais de sua imbecil esposa de assistir as telas o dia todo e nunca tirar os fones de ouvido.

O livro já é ótimo, com uma capa dessas então nem se fala.


domingo, 3 de março de 2013

Todos os drinks de Hemingway

A literatura sempre foi pródiga em cachaceiros pessoas com problemas com o álcool.

Não sei ao certo se o vício motiva o talento, ou o talento motiva o vício. Sou mais simpático à segunda opção, pois aceitando a primeira já tenho uma contra-prova com um conhecido. Ele sai do trabalho às 17:00 e às 17:15 está em delirium tremens. E até agora ele não publicou nenhum livro.

Temos uma longa lista de literatos, que além das garrafas, enxugam nossas contas bancárias nos fazendo gastar dinheiro com seus livros. Alguns falaram abertamente sobre o alcoolismo, como Jack London, em John Barleycorn, e outros falaram através de seus etílicos personagens; Hemingway, em qualquer uma de suas obras.

Bukowski, o velho e safado Buk, falava sobre o álcool de uma maneira geral, mas não tão como vício e sim como mais um dos aspectos de sua conturbada vida.

Drinking is an emotional thing. It joggles you out of the standardism of everyday life, out of everything being the same. It yanks you out of your body and your mind and throws you against the wall. I have the feeling that drinking is a form of suicide where you're allowed to return to life and begin all over the next day. It's like killing yourself, and then you're reborn. I guess I've lived about ten or fifteen thousand lives now.

Além dos já citados amantes dos derivados etílicos, Raymond Chandler, William Faulkner, Scott Fitzgerald, Jack Kerouac, Dylan Thomas, Edgar Allan Poe, James Joyce e outros tiveram a vida abreviada ou na melhor das hipóteses, deteriorada pelo vício.

Mas nenhum deles teve o álcool como personagem em tantos de seus romances como o Papa. Tão grande foi essa influência, que existe um blog, chamado Drink like Hemingway, cujo alvo é descrever, preparar e resenhar todos os drinks bebidos pelos inúmeros personagens da obra de Hemingway. O que não é pouca coisa.

Ainda está em processo, já que são muitas bebidas e o cara quer chegar com o fígado no lugar ao final da jornada.

A lista com todos os drinks está aqui. Vale a visita.



sábado, 2 de março de 2013

30 frases de Dr. Seuss

Nunca dei muita confiança para a obra de Dr. Seuss. Grinch, Lorax, Horton e o Mundo dos Quem... Não li nada disso.

Mas, hoje topei com esse apanhado de frases dele, que são bem legais e fazem pensar, embora eu continue detestando auto-ajuda.

A propósito, minha favorita é a n° 15.


Via Mamiverse.