sábado, 19 de outubro de 2013

O bardo iídiche

Além de Faulkner, o meu criador de mundos favorito é Isaac Bashevis Singer. Da pobreza degradante dos gélidos guetos de Varsóvia à sofisticação impessoal das ruas de Nova York, temos suas maravilhosas histórias, que tratam do cotidiano judaico, suas dores e alegrias.


Entremeados em seus contos e romances, existe a dúvida entre os payess e a assimilação, o polonês e o iídiche, a piedade e a apostasia.

Dybbuks existem? E o outro mundo? Deus deu aos justos a vida eterna ou uma vida longa e próspera? Ou nenhum dos dois, já que os canalhas também enriquecem e morrem com cabelos brancos?

E a vida, como a gastaremos? Em meditação e estudo da Tora ou em convívio social. Quase nunca os personagens de Singer vivem no meio-termo. Quando o fazem, são assaltados por suas eternas dúvidas.

Lendo Singer, descobri que tenho um vizinho que é um verdadeiro schlemiel, que não se faz bolsa de seda com orelha de porco, e que aquele cara que parecia legal é um grande schmuck.


A rua Krochmalna, pulsante de vida, habita em muitas de suas obras. Max Barabander, Aaron Greidinger, Shosha, até o próprio Singer e sua família, nos romances autobiográficos passam muitas de suas páginas por ali, sofrendo ou sendo felizes na velha Varsóvia.

Sua obra é magnífica, e fica bem em qualquer estante.

Lidos e recomendados:
  • Shosha (o melhor, na minha opinião)
  • Breve Sexta-Feira
  • Obsessões e Outras Histórias
  • O Solar e a Propriedade

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