quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Kundera, Dr. Havel e o traseiro da Beth

Milan Kundera deve ter sido mesmo um pândego. Isso fica bem evidente em uma descompostura passada pelo Dr. Havel de Risíveis Amores, coleção de contos, em sua (feia, mas cheia de mojo) enfermeira.

- Minha querida Elizabeth, não a compreendo. A cada dia feito por Deus, você fica remexendo feridas purulentas, dá injeções em bundas encarquilhadas de mulheres velhas, faz lavagens, esvazia bacias. O destino deu-lhe a oportunidade invejável de perceber a natureza carnal do homem em toda a sua vaidade metafísica. Mas sua vitalidade se recusa a ouvir esses argumentos. Nada pode abalar a sua vontade tenaz de ser um corpo, e apenas um corpo. Seus seios roçam nos homens a cinco metros de distância! Sinto vertigens só em ver você andar, por causa das eternas espirais desenhadas pelo seu infatigável traseiro! Que eu não a veja mais, finalmente. Seu seios são onipresentes como Deus! Você já está dez minutos atrasada para as injeções.

Não tirem conclusões precipitadas. O Dr. Havel é, como todo bom personagem kunderiano, mulherengo e cafajeste. O caso é que a tal Raimunda Elizabeth realmente o deixava doente, de tantos inanes oferecimentos.

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