O livro de Dino Buzzati, publicado em 1940, narra as aventuras de Giovanni Drogo, recém-formado oficial do exército, que serve no forte Bastiani, na fronteira norte do país, na margem de um deserto que foi, segundo a crença local, habitado por tártaros.
Antes de sair de casa, apesar de feliz por terminar o curso de oficiais, e sonhando com um futuro brilhante, com batalhas e glórias, Drogo já tem sérias dúvidas se o serviço naquele forte isolado era realmente uma boa ideia.
Sim, agora ele era oficial, teria dinheiro, belas mulheres, quem sabe, olhariam para ele, mas no fundo - percebeu Giovanni Drogo - o tempo melhor, a primeira juventude, provavelmente acabara. Assim , Drogo fitava o espelho, via um débil sorriso no próprio rosto, que em vão tentava gostar.
Ao ser informado que não seria adequado solicitar uma transferência no primeiro dia de serviço, se convenceu que não iria ferir muito seu futuro em aguardar alguns meses e ser transferidos por motivos médicos inexistentes.
O que ele não contava, é que o forte tinha outros planos.
A partir desse ponto, podem haver spoilers.
A narrativa de Buzzati lembra muito Kafka. Cheio de personagens ambíguos, que não nos deixam perceber quais suas verdadeiras intenções.
O livro é em certos trechos, incômodo, porque o autor sempre nos lembra que a vida está passando, e o personagem a está desperdiçando, sempre esperando pelo grande dia, que parece não chegar mais.
A monótono passar do tempo dá o tom da história, fazendo-nos esperar pelos tártaros, pelos inimigos, pela guerra, tal como o forte o faz com sua guarnição.
Todos esperam. Do comandante aos soldados, todos tem o medo de que a guerra assim que eles virem as costas. Parece que à menor distração, coisas grandiosas vão acontecer, e eles não irão estar lá para participar.
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