domingo, 20 de outubro de 2013

Que livro vamos comer hoje?

Que livros são alimento para a alma ninguém duvida. Mas a fotógrafa Dinah Fried(frita?) deu um passo à frente.

Fez diversas cenas de pratos baseadas em trechos de livros famosos, como O apanhador no campo de centeio, Moby Dick, Bonequinha de luxo, entre outros, reunidas no livro Fictitious Dishes, que não deve sair por aqui

O BuzzFeed fez um quiz com algumas das fotos. Teste seus conhecimentos de comida na literatura. Eu só acertei os que eu já tinha lido. Os chutes foram todos errados.

Veja aqui.

sábado, 19 de outubro de 2013

O bardo iídiche

Além de Faulkner, o meu criador de mundos favorito é Isaac Bashevis Singer. Da pobreza degradante dos gélidos guetos de Varsóvia à sofisticação impessoal das ruas de Nova York, temos suas maravilhosas histórias, que tratam do cotidiano judaico, suas dores e alegrias.


Entremeados em seus contos e romances, existe a dúvida entre os payess e a assimilação, o polonês e o iídiche, a piedade e a apostasia.

Dybbuks existem? E o outro mundo? Deus deu aos justos a vida eterna ou uma vida longa e próspera? Ou nenhum dos dois, já que os canalhas também enriquecem e morrem com cabelos brancos?

E a vida, como a gastaremos? Em meditação e estudo da Tora ou em convívio social. Quase nunca os personagens de Singer vivem no meio-termo. Quando o fazem, são assaltados por suas eternas dúvidas.

Lendo Singer, descobri que tenho um vizinho que é um verdadeiro schlemiel, que não se faz bolsa de seda com orelha de porco, e que aquele cara que parecia legal é um grande schmuck.


A rua Krochmalna, pulsante de vida, habita em muitas de suas obras. Max Barabander, Aaron Greidinger, Shosha, até o próprio Singer e sua família, nos romances autobiográficos passam muitas de suas páginas por ali, sofrendo ou sendo felizes na velha Varsóvia.

Sua obra é magnífica, e fica bem em qualquer estante.

Lidos e recomendados:
  • Shosha (o melhor, na minha opinião)
  • Breve Sexta-Feira
  • Obsessões e Outras Histórias
  • O Solar e a Propriedade

domingo, 13 de outubro de 2013

Você conhece Christiane Felscherinow?

Se você está na casa dos 30 ou mais, provavelmente sim.

Ela foi muito conhecida no Brasil na década de 80, devido ao sucesso de sua chocante biografia.


Lembrou?

Na época, o livro causou furor, pelo menos entre os meus conhecidos (Não tínhamos internet, então os trending topics eram escola, bairro e casa da avó. Uma barra.), tinha mãe que jogava o livro fora quando a filha chegava com ele em casa, uma menina da minha sala teve o livro confiscado pela freira (alemã) supervisora da escola.

Aos 51 anos, ela lançou na feira de Frankfurt uma nova autobiografia, Mein zweites Leben, contando o que aconteceu após toda aquele fama na adolescência, quando ela foi a dependente química mais conhecida da Alemanha e virou até personagem principal de filme.

Recaída, abstinência, aventuras com famosos, uma passagem pela prisão e o nascimento de seu filho, são narrados de forma impiedosa por essa sobrevivente.


sábado, 5 de outubro de 2013

Escuridão de inverno

Hoje não tem livro, mas um filme que alimentaria muitos livros.

O filme Luz de Inverno (Nattvardsgästerna), 2º filme da trilogia do Silêncio, de Ingmar Bergman, narra um breve momento. entre o fim de uma missa e o início de outra, onde várias vidas são afetadas dramaticamente.

Dividido em 3 atos, ele mostra toda a crise existencial do pastor Tomas (Gunnar Bjornstrand), que após a perda da mulher e da fé, continua prestando os serviços religiosos, com uma frieza que parece injustificada à primeira vista.



Ele se contorce sob o peso de toda a fragilidade humana, numa crise existencial que parece durar há anos, sendo forçado a dar conselhos sobre os assuntos que são suas maiores dúvidas.

O sofrimento é incompreensível, então não necessita de explicação.

O filme é seco, direto, sem trilha sonora, com diversas cenas em que o som é apenas representado pelo tic-tac do relógio ou os passos de alguém ecoando pela sala. Não há malabarismos de câmera, apenas a iluminação e a fotografia magnífica de Sven Nykvist que consegue passar a claustrofobia e a opressão causada pelo longo inverno sueco.

Há uma sequencia excelente, de cerca de oito minutos, com pouquíssimos cortes, em que Märta (Ingrid Thulin) lê a carta que mandou a Thomas. A câmera fixa na frente da atriz e mais nada.

Outro momento marcante é a conversa com o sacristão, que defende a ideia de que o sofrimento físico de Jesus não foi o maior de seus problemas, 



Não há muitas falas no filme, dando tempo de analisar à vontade os acontecimentos e compreender a dor de seus personagens, seja pela perda do sentido da vida, pelo medo insensato por algo que pode simplesmente ão acontecer ou pela incapacidade de conquistar o ser amado.



Se pelo menos tivéssemos uma verdade para acreditar.

Não há alívio para os personagens. Eles se revoltam em vão contra suas dores e questionamentos que não tem data para cessar.

Um filme excelente, recomendadíssimo, desde que o leitor já tenha algumas obras de Bergman na bagagem.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Capote e o dinheiro

Capote, que é o Truman e não o de Gógol, autor de Breakfast at Tiffany's e A Sangue Frio, que ganhou vida nas telas pelo excelente Philip Seymour Hoffman (que também fez o adoravelmente desagradável Freddy Miles em The Talented Mr. Ripley) no filme Capote tem a frase definitiva sobre o dinheiro.

Dinheiro não tem a menor importância, desde que a gente tenha muito.

Simplesmente disse tudo, muito obrigado tchau e até a próxima.