quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Talentoso Ripley

Tom Ripley era um golpista barato de Nova York, que vivia de pequenos crimes, morando de favor na casa de um ou outro conhecido. A próxima semana era o máximo que ele tinha de perspectiva de futuro. Até que o milionário Greenleaf aparece para mudar sua vida.

Com um convite irrecusável para viajar à Europa, Greenleaf propõe a Ripley que tente convencer seu filho Richard a voltar para a América e ser o seu sucessor nos negócios.

Trazer Dickie de volta não deveria ser fácil. Mas ir à Europa de graça e ter alguns meses de tranquilidade com a possibilidade de nunca mais voltar pesaram em sua decisão de ajudar o Sr. Greenleaf.


Chegando lá, Ripley percebe que essa pode ser a oportunidade de sua vida.

Esse é o primeiro dos livros da Riplíada, conjunto dos cinco livros que contam a história desse talentoso golpista, falsário, etc.
Junto com O Talentoso Ripley, a talentosa Patricia Highsmith escreveu o Ripley Subterrâneo, O Jogo de Ripley, O Garoto que seguiu Ripley e Ripley debaixo D'água.

Depois de lê-lo tive a certeza de que Miss Highsmith merece um bom meio metro de minha estante.



Era como se alguma coisa tivesse deixado Nova York - a realidade ou sua importância - e a cidade tivesse se transformado em um show, apenas para ele, um show colossal com seus ônibus, táxis e pessoas apressadas andando pelas calçadas, programas de televisão em todos os bares da Terceira Avenida, as marquises dos cinemas com todas as lâmpadas acesas em plena luz do dia, e os efeitos sonoros de milhares de buzinas e vozes humanas, falando sem necessidade. Era como se no momento em que seu navio zarpasse, no sábado, toda a cidade de Nova York fosse desabar com um barulho surdo, puuf, como uma caixa de papelão caindo sobre um palco.
Ripley era um grande ator. Talvez ele só fosse isso mesmo. Interpretava qualquer papel e se ressentia nas raras vezes em que estava sendo verdadeiro. Mas Tom não queria ser Thomas Phelps Ripley, um fracassado, complexado pela infância infeliz ao lado da tia. Ele queria ser mais, porque não ser então Dickie Greenleaf, rico, seguro de si e popular?

Sua admiração/atração por Dickie foi algo que Ripley deixou transparecer claramente. Dickie notou que Ripley não gostava de Marge, sua amiga/peguete, que por sua vez, percebeu que Ripley gostava demais de Dickie, gerando um clima tenso nesse assimétrico triângulo de paixões.

A narrativa de Highsmith permanece muito atual, de modo algum sugerindo que tenha sido escrito na década de 50. Ela descreve com minúcias todos os medos, neuroses e anseios de Ripley. É um thriller psicológico que poderia ser facilmente convertido em um filme noir, com a câmera sempre orbitando ao redor de nosso simpático patife.

Confesso que comprei o livro com um certo receio, mas que com poucas paǵinas se revelou ótimo, com o sensor de "vai dar merda" ligado no máximo a todo o tempo. Definitivamente recomendado, vale cada centavo e minuto de seu tempo gasto com ele.

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